quinta-feira, 26 de novembro de 2009

QUARTOS DA MORTE NA CHINA - CONTROLE DE NATALIDADE

Dois anos atrás, uma faceta até então pouco conhecida da realidade chinesa, a crueldade com as crianças, foi exposta por um documentário chamado Os Quartos da Morte, produzido com câmeras escondidas pela televisão inglesa. A revelação chocante ajudou a separar a China dos arranha-céus do cotidiano de um país ainda extremamente pobre e quase bárbaro nas relações humanas. É o caso do abandono ou assassinato de recém-nascidos, especialmente meninas, que se tornou epidêmico entre os camponeses devido à política oficial de um só filho por casal. Em seu momento mais comovente, o filme mostrava a pequena Mei Ming ("sem nome", a designação comum para meninas desprezadas) nua numa cama sem colchão, subnutrida e coberta de pústulas num orfanato de Guangdong, a província mais rica da China. A menina morreu horas depois. Outras imagens chocantes mostravam crianças amarradas a camas e vasos sanitários. E bebês atados uns aos outros em ambientes frios e sujos.
São lugares inacessíveis aos estrangeiros, mas a existência desses terríveis depósitos de crianças havia sido revelada anteriormente por Zhang Shuyun, médica que trabalhava no Instituto de Beneficência Infantil de Xangai. Ela fugiu para os Estados Unidos com fotos e fichas médicas que documentavam a morte de mais de 1.000 crianças, a maioria de inanição, em orfanatos do Estado. Já se conhecia o cruel costume chinês de matar recém-nascidos do sexo feminino, como conseqüência do controle demográfico e da preferência tradicional por filhos homens. Mas não se sabia que a política do filho único, instituída em 1979 para combater o real perigo da explosão populacional, tivesse produzido na sociedade chinesa uma dolosa indiferença com relação às crianças. Não é fora do comum ver bebês expostos à adoção em praça pública. Se ninguém se interessa, ficam ao relento até a morte. Escapa a criança que consegue ser adotada por casais do exterior, uma prática incentivada pelo governo. O número de adoções é, por enquanto, modesto diante da enorme população. Responsáveis pela maior quantidade de adoções, os americanos levam apenas 3.500 crianças chinesas por ano.


http://www.youtube.com/watch?v=Zm1wE51n5E8

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